segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Um Espírito Superior

Estava eu na aula de Pilates, quando chega uma aluna diferente. Uma mulher com aquele tipinho Hippie da Oscar Freire e ar de sabichona.

Dentre conversas sobre alimentos orgânicos, horror à cultura de massa e coisa que o valha, nossa instrutora, ingenuamente, confessa que não sabe até hoje usar direito um computador, que não gosta da internet, que não participa das redes sociais,  etc.

Minha colega, com o rosto iluminado e olhos vibrantes, concluiu: “Eu sabia que você era uma pessoa de luz, um espírito superior na Terra”.

Ficamos estáticas, seria aquela mulher que praticava Pilates conosco uma líder espiritual em alguma seita alternativa? 

Eu queria muito saber como identificar uma pessoa espiritualmente superior, quem sabe para usar este poder para selecionar amizades ou em qualquer oportunidade em que eu pudesse classificar as pessoas e agir de forma preconceituosa com os classificados inferiores.

Espíritos superiores de um lado, inferiores do outro, simplificando a vida da galera que não tem esse poder.

Meus Deus, e eu? Em qual lado eu ficaria? Se ficasse no lado dos espíritos inferiores eu certamente questionaria o critério utilizado para a diferenciação. Se eu ficasse do lado dos espíritos superiores talvez não.

Geralmente quando estou em frente a pessoas que se dizem místicas, porque nem sempre são, fico em pânico com a possibilidade desta pessoa ler meus pensamentos.

Então fiquei em pânico, claro. Mass considerando que ela provavelmente lia meus pensamentos, resolvi esclarecer de uma vez por todas e perguntar o porquê. Porque, ali na aula de Pilates, nossa professora foi qualificada como um espírito superior? Enfim, qual o critério?

Então, veio a resposta. E acabando com a minha ilusão de estar junto a uma pessoa com tamanha percepção, disse, a mulher misteriosa, “Ah, porque a Tha não gosta do facebook”.

Simples assim, ela detonou minhas ilusões de conseguir o poder de diferenciar pessoas entre boas e más. Voltei ao status quo.

Na verdade, segurei fundo meu riso, queria gargalhar, rolar de rir, mas me contive. Imagine, se o nível espiritual de alguém fosse determinado pelo seu grau de intimidade com a tecnologia, Steve Jobs com certeza estaria com problemas.

Naquele dia, comprovei como existe pessoa louca no mundo, que sai por aí falando um monte de asneira, distorcendo valores segundo as suas próprias preferências.

Uma amiga postou no “Face” dias atrás “O mundo está ao contrário e ninguém reparou”, clássica do Legião Urbana. Instantaneamente pensei, “eu reparei”.

Adoro minha instrutora de Pilates, talvez ela seja mesmo um espírito superior, mas com certeza por outros motivos.

7 comentários:

  1. Você me deixou com uma inquietação agora. Será que sou um espirito evoluído ou de baixo nível?
    Considerando que eu passo muito tempo no Facebook, provavelmente estou no segundo tipo.

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  2. E quem ainda não tem Facebook e ainda está no Orkut, o que será?

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  3. Otimo Má....tem gente que gosta de rotular, classificar os outros....como se fosse a dona da verdade.

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  4. Pior né Má, às vezes as pessoas saem por aí dizendo um monte de asneiras achando que estão falando alguma coisa com conteúdo.....Acho que vêm os comentaristas de noticiário e pensam que é só abrir a boca e fazer igual.... "Sabem comentar a respeito de tudo!"

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  5. Porque parece que muitas vezes ligamos o espiritismo ou coisas do gênero com a natureza e desassociamos completamente com a tecnologia. Chega a ser hilários esse tipo de comportamento, e como você mesma disse, eu teria vontade e muita de rir. Segundo esta ideologia, o ápice de envolvimento espiritual seriam os índios, mas tenho certeza que ninguém que concorde com esta ideia se adaptaria a tal modo de vida, o que está no papo é aparecer, nadando contra a maré, quando é tão comum que todos (mesmo os menos fanáticos) tenham seu envolvimento com as redes sociais, dizer que não o tem é ser grandioso? Faça me o favor, a tecnologia que despreza, pode até não utilizar realizando um cadastro no orkut ou no facebook, mas vai pra casa de carro, assiste tv, consome produtos industrializados e todo o resto. O mais importante é vivermos nossas vidas sem toda essa preocupação sobre o que ser ou não ser. Vivemos num mundo tão individualista que este tipo de rótulo não existe, ou melhor, não poderia.

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  6. Cadê mais textos,hein macontraotempo? Estou aguardando, sou um fã!!

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