Pra Sempre Lilya
Por Márcia Calarezi
Sinopse: Filme de Lukas Moodysson, que conta a história de Lylia, uma jovem de 16 anos, que vive em um subúrbio da União Soviética. A mãe foge para os Estados Unidos, com a promessa de buscar a filha no futuro. Abandonada, Lilya passa por dificuldades. Começa a viver da prostituição, até que um namorado a convence a mudar para a Suécia com promessas de um futuro melhor.
Elenco: Oksana Akinshina, Artyom Bogucharsky, Lyubov Agapova
Elenco: Oksana Akinshina, Artyom Bogucharsky, Lyubov Agapova
Diretor: Lukas Moodysson
Nome original: Lilya 4-Ever
Numa noite fria de julho, de volta ao sofá (e com a posse do controle remoto) depois de um dia difícil de trabalho/estudo/pilates, o que eu mais queria era assistir a algum besteirol americano. Não me pergunte como fui parar na TV Cultura. Foi assim que assisti ao surpreendente (?) “Para Sempre Lilya”.
O filme conta a história da menina Lilya de 16 anos que, abandonada pela mãe (mais interessada em viver o sonho americano sozinha) se vê a própria sorte num subúrbio da União Soviética. Da vida miserável que restou, os poucos momentos de alegria, se é que podemos definir dessa forma, são os passados com o novo amigo de 11 anos Volodya. Como se a desgraça já não fosse suficiente, Lilya, iludida pelo novo namorado com a promessa de uma vida melhor na Suécia, ignora totalmente os alertas do amigo Volodya e cai na armadilha.
Surpreendente? A primeira vista não. A historia que o filme conta é uma das práticas mais antigas na sociedade: aliciamento e prostituição. O trafico internacional de mulheres.
O filme, que no começo segue pela crítica sutil, sentimentos fortes mas contidos, fenômeno típico dos habitantes da região gelada, de repente dá lugar a mais dura e pura realidade: a indiferença e oportunismo do ser humano, que somos obrigados a assistir nas cenas em que, repetidas vezes e por várias pessoas, Lilya, com 16 anos, é violentada.
Como disse, o conto é um velho conhecido nosso, o que nos perturba, na verdade e de verdade, nem é o aliciador, dele já esperávamos o pior. O que nos perturba mesmo, são as outras pessoas que passaram pela vida de Lilya, de quem esperávamos o melhor, ou até mesmo o normal.
Até que ponto o ser humano é capaz de ir para atender aos seus mais gananciosos ou imundos desejos?
Talvez o filme mais forte que assisti depois de Dogville, no impasse final fui obrigada a concordar com com a protagonista: “Ninguém merece uma vida assim.”
http://tvcultura.cmais.com.br/mostra?d=2011/07/08
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