segunda-feira, 23 de abril de 2012

Adequação

É eu me rendo. Preciso parar de fumar. A despedida não vai ser fácil, estou acostumada com a fumaça, que me fez companhia em muitas ocasiões e ainda me faz.
Mas não posso virar as costas ao fato provado e comprovado que fumar faz mal não só ao corpo, mas ao convívio social.
Poderia aqui me conclamar avessa ao “politicamente correto”, dizer que não me importa o que pensam os outros de mim. Não me importa mesmo, mas percebi que, de alguma forma, fumar ficou mais importante para mim do que conviver.
Então, é hora de parar.
Tomada pela consciência do meu vício, e de que eu não conseguiria parar sozinha, marquei médico (claro, adoro uma consulta),  com a finalidade única e exclusiva, uma redundância proposital para dar ênfase ao meu intuito, de pedir ajuda, algum método que tornasse menos dolorosa a separação.
Parece que fui ao lugar certo. Após alguma conversa com a média Dra. Júnia - que consegue falar mais baixo do que eu - tive uma sensação de que pode dar certo.
Fiz um raio-x do meu tórax, tudo perfeito.
Agora só falta marcar o dia. O dia em que terei que jogar tudo fora, meus cinzeiros, isqueiros, cigarros. Em lugar onde não possa recuperá-los, como no lixo da cozinha, por exemplo.
Li, certa vez, que parar de fumar é como perder um amigo. Para quem não fuma, essa afirmação parece ser uma blasfêmia.
Espero que seja.
Porque, na verdade, estou morrendo de medo.
Consulta marcada para o dia 5 de maio. Na consulta marcaremos a data final. A data em que eu me ajustarei, finalmente, aos costumes vigentes.
Quem sabe minha vida mude, quem sabe continue a mesma.
Pelo menos vou me livrar do apelido de bebe fumante.